ENTREVISTA
        A empresária Roseane Gomes da Silva é a dona da melhor cachaçaria de Campina Grande. A MK-CHAÇARIA DA ROSE, que agora é a CACHAÇARIA DA PARAÍBA. Com mais de 400 opções de cachaça, das mais tradicionais às mais exóticas, esta galeria é um sucesso. Um ponto turístico em Campina Grande. Confira agora uma entrevista exclusiva com a empresária:
Há quanto tempo existe a cachaçaria? Como começou?
     ROSE – A cachaçaria existe há três anos. Já havia 10 anos que funcionava como uma mercearia, mas o espaço se tornou pequeno e ainda não vendia bebidas, mas depois de tanta gente aparecer procurando por cachaça, então eu tive a idéia de comprar cachaça a granel e fazer misturas com raízes, frutas, sementes. Comecei com três sabores e hoje são mais de 400. Tinha um senhor que aparecia aqui ás seis horas da manhã atrás das minhas cachaças. Já trabalhei com tanta coisa, mas só quando passei a trabalhar com cachaça que tudo deu certo.
Você bebe?
   ROSE – Não. Eu não gosto de beber, mas Tami (marido) sim.
Quantos tipos de cachaça têm aqui?
 ROSE – Em torno de 420. E sei quais são todos. Se alguém chegar e perguntar por algum tipo de cachaça, saberei dizer se tem.

Quais são os mais exóticos?
ROSE – Os mais exóticos... A de pimenta, é picante. O de pétalas de rosa. As cachaças maceradas de frutas, verduras, raízes e sementes, com maceração de um a dois anos. E têm também as afrodisíacas como a de catuaba e a “mil homens” que é feita de Viagra. E além dessas,  também têm as medicinais: de quixaba, que é antiinflamatória; de cajueiro roxo, que é antibiótico; de gengibre com romã que é boa para garganta, entre tantas outras.
E as mais antigas, as primeiras?
ROSE – As primeiras cachaças que eu fiz foram “A misturada da Rose” e “O meladinho da Rose”, além das cachaças mais tradicionais.
E quais são as cachaças mais novas?
ROSE – As novas são a de Cupuaçu e a “meia de u.s” – personalizada pela banda de Rock’n Roll, MEIA DE U.S. Aqui nós fazemos cachaça personalizada. O cliente pode sugerir um sabor ou mistura, e se pegar, vira cachaça! (risos)
Qual a cachaça que mais vende aqui?
 ROSE –  São tantas... a que mais vende é o “meladinho”. Também é bastante procurada a de mutamba, a “meia de u.s”, a de gengibre, entre 
outras mais tradicionais que o povo gosta.

Além de cachaça, o que mais você vende?
 ROSE –  Vendo licor de vários sabores também. Tem licor de jenipapo, de canela, jabuticaba. Anis, mastruz... vendemos também cerveja, refrigerante e água. Também temos tira-gostos como torresmos, caldos diversos e sopas. E temos preços bem acessíveis!

De onde vêm os produtos daqui?
ROSE – Algumas coisas eu consigo aqui em Campina mesmo, mas a maioria eu encomendo do interior da Paraíba, principalmente da região do Brejo.
(FOTOS: TASMARIA) 
                                    
"Quero criar novos sabores para ter uma galeria mais diversificada"
Quem produz a cachaça artesanal?
ROSE – Só eu. Eu sou quem faço as diversas cachaças daqui. Minhas cachaças passam por um processo de maceração de um a dois anos, no mínimo, com frutas, verduras, folhas, raízes sementes, etc. Às vezes os clientes dão um pitaco de uma mistura, e se for legal, eu faço uma personalizada, como é o caso da “meia de u.s”, que os rapazes da banda Meia de U.S sempre estão por aqui e pedem pra fazer a cachaça, que é uma mistura especial com gengibre e melaço. Daí eu personalizei e lancei a cachaça “meia de u.s”!
Este é um lugar bem diferente, a decoração mais parece uma galeria. Como você vê a sua cachaçaria, e como é sua relação com o público?
ROSE – Mesmo? Acha aqui tão bonito assim? Acho que como eu moro aqui não vejo a tanta diferença, mas as pessoas que vem de fora normalmente se impressionam mesmo. Eu fiz a decoração para que fique bonito. Com um relógio alemão antigo que comprei num leilão, decoração em madeira... quem vem aqui a primeira vez, sempre volta. Aqui temos um clima familiar e acabamos ficando amigos dos nossos clientes. Existe ainda um preconceito com a cachaça, o que não deveria existir na Paraíba, pois o estado é o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas do estado de Minas Gerais, deveria ser mais valorizado essa cultura. Acho que Campina Grande merece ter uma boa cachaçaria, e isso é o que eu tento fazer. Em outros países uma dose de cachaça é muito cara, e aqui, que é tão barata não é valorizado.
Qual público mais freqüenta aqui?
ROSE –  De todo tipo. Jovens, senhores, apreciadores de cachaça, os chamados “bebuns” e também famílias freqüentam aqui. No período do São João aqui se torna um ponto turístico. Muitas famílias e turistas de fora vêm aqui para conhecer a galeria, tirar fotos e levar cachaças de lembrança ou presente. Quando o cliente vem aqui a primeira vez, tem o direito de experimentar dois tipos de cachaça, é só escolher e degustar.
Você ainda pensa em fazer novas instalações?
ROSE –  Sim. Ainda há muita coisa pra fazer aqui. Ampliar o ambiente e aumentar a quantidade de cachaças que temos aqui. Quero criar novos sabores para ter uma galeria mais diversificada.
Como é a vida de vocês que vivem dentro de uma cachaçaria?
ROSE – É cachaça (risos). Cachaça o tempo todo. Produzir cachaça de forma artesanal,  diversos sabores. E muitas vezes preciso encomendar a matéria-prima de fora, que é difícil encontrar alguns produtos aqui em Campina Grande, quero sempre fazer tipos de cachaças bem diferentes, diversificar. E, além disso, convivemos diariamente com os clientes e “bebuns” que estão sempre por aqui. #

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