ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SENTEM DIFICULDADES COM FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
Depois de três anos que a Lei nº 11.984 entrou em vigor, alunos do ensino médio ainda sentem dificuldades com as novas disciplinas.
Desde 2008 entrou em vigor a obrigatoriedade de das disciplinas de Filosofia e Sociologia no currículo escolar do ensino médio. Porém, passados três anos da regulamentação, a falta de estrutura nas escolas públicas e a falta de preparo tanto de alunos quanto de professores tornam a compreensão e a prática dessas disciplinas uma problemática para os jovens desta geração de estudantes.
A Lei nº 11.984 que entrou em vigor em junho de 2008 alterou o Artigo 36 da Lei nº 9.394/96 que estabelece as Diretrizes Bases da Educação Nacional, incluindo Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias no ensino médio. No período da ditadura militar, na década de 70, as disciplinas foram retiradas do currículo escolar, com o objetivo de padronizar o pensamento da sociedade a favor das idéias do Governo. Privando os alunos do questionamento sócio-cultural da sociedade e dos pensamentos de liberdade.
O objetivo da retomada dessas disciplinas no ensino médio é trazer de volta a capacidade dos alunos de pensar, poder se reconhecer e saber agir na sociedade. Nota-se um conflito dos jovens no memento de fazer as escolhas do futuro profissional, e a Filosofia e a Sociologia buscam nesse ponto abrir a cabeça do estudante para que eles possam ter a liberdade e segurança pra escolher o seu futuro. Mas este resultado parece uma tarefa difícil de ser concretizada.
A questão é que a maioria dos alunos de ensino médio, principalmente do ensino público, sente dificuldade de compreender o conteúdo das novas disciplinas. Segundo Max Kehrle (vocalista do MEIA DE U.S!), estudante do segundo ano de Filosofia da UEPB, uma disciplina como a Filosofia precisa ser passada aos alunos de uma forma prática, “Não basta apenas trazer os pensamentos dos grandes filósofos, precisa saber como por esses pensamentos em prática”, e por outro lado, “os alunos chegam ao ensino médio despreparados para pensar e construir um pensamento livre”, diz Max Kehrle. Por isso, esta é uma problemática que pode ser vista através de dois ângulos:
Alunos Despreparados
A Lei que entrou em vigor em 2008 dá a obrigatoriedade apenas aos alunos de ensino médio, não exigindo assim uma preparação básica no ensino fundamental. Assim, a maioria dos alunos que chegam ao ensino médio, principalmente na rede pública, se depara com estas duas novas disciplinas e não conseguem compreender a utilidade de cada uma delas para sua formação, o que acaba desestimulando o interesse dos alunos, que vão revelando sua rejeição pelas matérias.
Muitos especialistas defendem que deveria haver uma base das disciplinas de humanas ainda no ensino fundamental. Segundo o Sociólogo Gilmar Cirino, deve-se desde cedo estimular a consciência crítica. “É na infância que a capacidade do aprendizado da criança absorve racionalmente o conhecimento. Por isso é importante que ele viva esta disciplina de humanas na infância, no ensino fundamental. E assim, no ensino médio ele já teria um domínio graduado da Filosofia e Sociologia capacitando uma evolução de melhor comportamento social e intelectual.”, disse Gilmar Cirino.
Professores Despreparados
De um modo geral, o Brasil é um país que tem uma carência de professores. Em 2008 foi feito um estudo pelo Ministério da Educação (MEC) que mostra a dificuldade dos escolas em se adaptar a Lei. Na época o Brasil tinha apenas 20.339 professores de sociologia e 31.118 professores de filosofia atuando nas escolas, para 24 mil escolas de ensino médio no Brasil. “Não haveria professor suficiente nem para ter apenas um por escola", diz Dilvo Ristoff, autor do estudo e diretor de Educação Básica Presencial da Capes/MEC, órgão que agora cuida também da formação de professores no país.
Outro fato é a forma como é praticada de disciplinas como Filosofia e Sociologia em sala de aula. Os professores devem ter o cuidado de não se tornarem meros passadores de biografia dos grandes pensadores. Afinal, as novas disciplinas acabaram se tornando didáticas meramente decorativas para os alunos, o que alimenta ainda mais o desinteresses. A questão é que muitos professores acabam saindo da universidade despreparados para passar aos alunos a prática de Sociologia e Filosofia.
"... e o salário, óh?!" |
E estes professores estão tanto na rede pública quanto na particular. Os alunos de escolas que são referencia na Paraíba sentem dificuldades para lidar não só com estas mais com outras disciplinas. O aluno Marco Paulo, do Colégio Motiva em Campina Grande, reclama de que ele não consegue entender o que é dado nas aulas de Filosofia, “Os professores só passam a biografia e os pensamentos dos filósofos”, diz a aluno, que ainda completa “Tenho que estudar em casa mesmo, e decorar os assuntos que vão cair na prova para poder passar.”
Apesar de toda a falta de estrutura que há no ensino público no país, Em Campina Grande o colégio Estadual da Prata, que agora se chama Colégio Dr. Euplídio de Almeida, continua sendo uma referência em ensino no estado da Paraíba. Mas ele também passa por este problema. Segundo a professora Maria do Socorro, que ensina Sociologia no Colégio, há uma resistência dos alunos quanto as novas disciplinas, principalmente com Filosofia, “Está difícil a aceitação dos alunos, eles elegem umas disciplinas como prioridade e outras não, mas todas são importantes” diz a professora.
Bárbara Nunes, 16 anos |
Fábio Fernandes, 16 anos |
E entre os alunos a resistência as novas disciplinas é um fato. A aluna Bárbara Nunes, 16 anos, que estuda o 1º ano reclama que é não consegue entender bem os que os professores tentam passar em sala de aula, principalmente nas aulas de Filosofia. “Eu não entendo nada do que os professores falam, e às vezes trocam os professores, aí é que confunde tudo mesmo”, diz a aluna. Alguns alunos até se identificam com Sociologia, mas a compreensão da Filosofia continua sendo um desafio para professores e alunos, segundo o aluno Fábio Fernandes, de 16 anos, também da turma do 1º ano, as aulas são normais, como toda aula teórica, e é preciso decorar os assuntos, “Sociologia é até legal, dá pra entender, mas Filosofia é um curso muito diferente”, diz o aluno.
O fato é que o Estadual da Prata é mais um dos colégios entre tantos da rede pública que passa por dificuldades de estrutura. Para todas as turmas dos três turnos do colégio, são apenas quatro professores de Sociologia e três professores de Filosofia.
“Mesmo com as dificuldades, os professores tão dando conta das turmas, mas há certa rejeição dos alunos, principalmente com Filosofia, que foi adequada a escola ano passado. Os alunos reclamam muito que as disciplinas são chatas e cansativas, mas depois de três anos com Sociologia aqui no Colégio, as reprovações até que diminuíram nesta disciplina. Já no caso da Filosofia, a resistência dos alunos é grande”, disse a professora Josélia de Souza Ramos.
*ESTA MATÉRIA FOI UMA DAS 10 INDICADAS NO CONCURSO UNIVERSITÁRIO DO JORNAL DA PARAÍBA!!! CONFIRAM NO LINK ABAIXO! =^)
Adorei os temas com os quais foram abordados, espero se sair bem, esse é meu 1º ano no Estadual da Prata, Parabéns pelo Blog!
ResponderExcluirOpa!! muito obrigada!!! =D
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