Entrevista: 5º World Goth Day acontece dia 19 em Campina Grande!

Em entrevista com o Daniel D.vill, vocalista da banda dark/gótica Noturna Régia, voltamos os olhos para a cena gótica em Campina Grande (PB). Confira algumas informação sobre o dia mundial gótico e a subcultura que vem cativando muitos simpatizantes pelo mundo e em nossa cidade.


 O dia mundial gótico originou-se no Reino Unido em 2009, idealizado pelos Djs Cruel Britannia e Martin OldGoth. A criação desse evento teve como um dos seus principais motivos o caso Sophie Lancaster, ocorrido no Reino Unido em 2007, vítima de assasinato, quando estava junto com seu namorado (Robert Maltby), que foi brutalmente espancado por um grupo de adolescentes enquanto caminhavam pelo Stubbylee Park em Bacup. A polícia relatou que o ataque pode ter sido diretamente ligado ao fato do casal pertencer a subcultura gótica. Cinco adolescentes foram presos, dois deles foram condenados à prisão perpétua por assassinato e os outros três foram condenados por lesão corporal grave. Um fundo memorial foi criado em nome de Sophie e numerosos eventos locais, nacionais e internacionais, como é o caso do World Goth Day prestaram (e ainda prestam) diversas homenagens a ela.

O WGD tem como objetivo divulgar massivamente a subcultura gótica no intuito de diminiur toda forma de preconceito contra a mesma, evitando assim que esse triste episódio se repita. Espalhando-se por diversos países incluindo: Brasil, Canadá, Austrália, Cingapura, México, Espanha, Macedônia, África do Sul e Estados Unidos. Em 2017 contou com mais de 40 eventos em todo o mundo. Ativistas, artistas e simpatizantes celebraram esta data com atividades envolvendo música, dança, moda, teatro, artes plásticas, performances e etc. Alguns desses eventos assumem um aspecto filantropo como é o caso do Reino Unido e Austrália apoiando instituições beneficentes como a Fundação Britânica criada para homenagiar Sophie Lancaster que combate o preconceito e o ódio contra as subculturas.

O Brasil é reconhecido como um grande participante das festividades com a participação oficial de cidades como: Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Campina Grande, Recife entre outras. E em nossa cidade (Campina Grande - PB), no dia 19/05 será realizará a 5° edição do WGD. O Evento é coordenado pelo DJ, artísta plástico e vocalista da banda Noturna Régia, Daniel D.Vill, 38 anos, ativista da cena gótica há mais de 12 anos e compositor de músicas como "Anjos Caídos" e "Artemísia". Confira a seguir essa entrevista exclusiva!

ON - Como surgiu o movimento Gótico urbano?

D.VILL - No mundo inteiro existem indivíduos que possuem um gosto mais aprofundado pelas artes voltadas para o desconhecido, o obscuro. O exagero contido no cinema expressionista alemão retrata bem esse gosto e tornou-se uma das fontes inspiradoras para a subcultura gótica como a vemos hoje. Não se sabe ao certo como se deu a origem desse movimento urbano, algumas fontes relatam que descendemos do movimento punk, outras que descendemos do movimento beatnik. O que sei ao certo é que datamos exatamente de 1980 onde essas pessoas começaram a ser notadas pelo comportamento e principalmente pela forma de se vestir expressando essa peculiaridade que até os dias atuais impressiona.
ON - Então a subcultura Gótica é um movimento?
D.VILL - É movimento, é estilo de vida! É através da música, da moda, do cinema, do teatro e outras formas de arte que nos expressamos. Ser gótico é gostar do exagero, é se identificar com o estranho, com o bizarro é ser estranho como Edward Mãos de Tesoura! É um sentimento que nunca se esvazia, por isso dizemos que ''não existe um ex-gótico!'' É essencial movimentarmos a subcultura em nome da democratização artística e liberdade de expressão que a cada dia vem sendo ceifado na nossa sociedade, pois esta é a nossa principal forma de mostrarmos para o mundo quem somos e como nos sentimos diante de tudo.
ON - Como está a subcultura aqui em Campina Grande?

D.VILL - Nossa cidade sempre teve um modesto e ativo contingente, na sua maioria composto por músicos, djs, produtores, dançarinas, artístas plásticos, poetas, etc. Atualmente passamos por uma divisão. Infelizmente essas situações são corriqueiras, porém necessárias principalmente quando existem divergências que distorcem o verdadeiro intuito da subcultura. Hoje atuamos com um coletivo (Ghost Dance) criado para a organização de pequenos eventos envolvendo teatro, dança e discotecagens em breve com atuações de bandas como o caso do Noturna Régia e do Mãos Fúnebres bandas naturais de Campina que também fazem parte dessa movimentação da subcultura por aqui. Mesmo com as dificuldades sofridas no underground como um todo e ainda mais para a subcultura gótica, pois se compararmos a cena headbanguer e a punk somos um número pequeno não vamos desistir de nos expressar, de mostrar quem somos.

ON - Vimos que está rolando uma campanha na internet, voltada para os góticos afrodescendentes, você faz parte disso?

D.VILL - Sim! A campanha esta sendo realizada por mim e a Ludy Lima uma ativista de São Paulo que também administra a página Góticos Afrodescendentes no Facebook. Ela tem como intuito fortalecer a desmistificação do clássico estereótipo do indivíduo de fisionomia européia, branco, pálido, magro, ...que sempre nos deparamos quando damos aquele GOOGLE pesquisando o tema, assim ajudamos a divulgar a real existência de afrodescendentes e de muitas outras etnias dentro da subcultura gótica. Existimos e resistimos!!! A subcultura é aberta para todas as etnias, orientações sexuais e religiões. Fechando suas portas para toda forma de preconceito.

ON - Como você descobriu ou percebeu que era um gótico?

D.VILL - Na busca da adolescência em se identificar com algo, eu ouvia e procurava por músicas, por artes que me completassem, que me deixassem satisfeito. Transitei por vários tipos de sons como punk, rock and roll, metal, musica eletrônica mas a digestão não era completa, sempre me faltava algo, algo que falasse sobre o que eu sentia. Então numa bela noite num encontro com amigos, ouvi junto com eles o álbum The blood Flowers do The Cure, que apesar de sempre me deparar com fotos da banda em revistas da época (2000) nunca tive curiosidade a respeito dela. De repente estou eu levando uma pancada na caixa dos peito! (risos) Tudo que eu procurava encontrei naquele som. O álbum é muito envolvente a cada musica executada mantendo um clima agradável que eu tanto procurava sem sequer saber exatamente o que procurar. Depois disso comecei a pesquisar sobre bandas e buscar conhecer pessoas com gosto similares me apaixonei cada vez mais pela subcultura gótica e hoje sou esse esquisitão que você conhece.


ON - Para encerrar, nos fale um pouco mais sobre o 5º WGD, quais as surpresas podemos esperar desta festa?
D.VILL - Nós estamos esperando todas as pessoas que tem uma certa curiosidade, simpatizantes e góticos de Campina Grande para essa 5° edição! Todos serão bem vindos! Não existe a obrigação de se vestir de preto para estar nesse role, a menos que realmente vc queira se vestir assim. Marcamos o evento para o dia 19, pois foi o dia mais próximo da data oficial que encontramos, pois dia 22 fica inviável por cair no meio da semana. O local do evento sera no The Pub, situado no bairro da Liberdade n° 21. A partir das 21:30 teremos discotecagens com musicas de bandas clássicas como: The Cure, The Smiths, Sister of Mercy, Depeche Mode, Joy Division. Bandas nacionais como: Plastique Noir, Noturna Régia, Zero, Kafka, além de bandas que recentemente lançaram belos materiais. Além disso teremos uma esquete de teatro do grupo AVENEC de Soledade, com o espetáculo " Os Olhos que Comiam Carne", uma adaptação de Bruno Rodrigues da obra de Humberto de Campos, contaremos também com a T.Macabra e Banca Noturna disponibilizando uma variedade de bijuterias e assessórios que compõem um look gótico, ótima oportunidade para você montar seu figurino. Além disso podemos ter algumas atrações surpresa no decorrer do evento, enfim será uma festa maravilhosa, onde vamos compartilhar o sentimento e a arte que envolve a nossa subcultura em Campina Grande. Esperamos ansiosamente a presença de todos.


Fonte: Daniel D;Vill
Texto: Tássia Maria Pachêco e Daniel D.Vill
Imagens: Internet

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