Jeanine Áñez é a nova presidente autoproclamada da Bolívia

Advogada de formação, ela trabalhou como apresentadora de TV de uma cidade no interior do país e entrou na política em 2006. Parlamentar constituinte e senadora, ela assume com a missão de organizar novas eleições. Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

A presidente interina autoproclamada da Bolívia, Jeanine Áñez, assumiu nesta terça-feira (12) com a missão de pacificar o país e organizar as eleições.

Até o domingo (10), Áñez era a segunda vice-presidente do Senado – só chegou ao poder depois de renúncias de cinco autoridades. Além de Evo Morales, renunciaram o vice-presidente, o presidente da Câmara de Deputados, a presidente do Senado e o vice-presidente do Senado. Assim, Áñez reivindicou que ela mesma, uma opositora, deveria assumir.

O Tribunal Constitucional do país, em nota divulgada na terça-feira (12), concordou com a reivindicação, e divulgou uma nota em que reconhecia o ato pelo qual Áñez se assumiu como presidente.

"Assumo de imediato a presidência e me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para pacificar o país", disse ela no Senado, que estava em sessão para discutir a sucessão de Evo Morales. A discussão não ocorreu por falta de quórum. Depois, ela foi para a sede do governo –perto da porta, exibiu uma Bíblia aos fotógrafos e cinegrafistas e disse “que a Bíblia volte a entrar no palácio”.

Apresentadora de TV
Jeanine Áñez, uma advogada de 52 anos, é a segunda mulher a comandar a Bolívia – entre 1979 e 1980, o país teve como presidente Lidia Gueiler Tejada, que foi derrubada por militares.

Ela é de San Joaquín, uma cidade na região amazônica da Bolívia, a cerca de 70 quilômetros em linha reta da fronteira com o estado brasileiro de Rondônia. Em 2006, quando era apresentadora de TV na cidade de Trinidad, ela se candidatou e foi eleita para ser parlamentar da Assembleia Constituinte, que redigiu a Constituição vigente.

Jeanine Áñez foi eleita senadora em 2009, pelo Partido do Plano Progresso para a Bolívia – Convergência Nacional, de oposição ao presidente Evo. Ela era contrária ao plano de construir uma rodovia que iria atravessar um parque nacional e terras indígenas – o projeto foi interrompido depois de protestos de parte da população que vive no local.

Reeleita em 2015 por um novo partido, o Democratas, Áñez então fez campanha contra a proposta de um quarto mandato para Evo. Ela também trabalhou, no Parlamento, com pautas ligadas à violência contra a mulher e feminicídio. Seu marido, Héctor Hincapié Carvajal, é um político conservador da Colômbia.

Novo cargo
A nova comandante do país tem como principal missão organizar as eleições “o mais rápido possível. (...) Trata-se de levar adiante o processo e convocar eleições o mais rápido possível", disse Ánez.]

Em uma entrevista depois de assumir como presidente, ela atacou a esquerda: “Assim são os socialistas: usam mecanismos democráticos e se aferram ao poder, e depois enganam a gente, cooptam instituições, acaba a institucionalidade democrática”.

O processo pelo qual ela chegou ao poder foi uma sucessão: “Eu ocupo o posto que me corresponde”.


Da Redação com o G1

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